Onde está o amor?

Hoje eu estava guardando minhas folhas do último semestre e achei uma caixa cheia de cartinhas de amor que a gente escreve quando é criança. Gostei de lembrar o quanto de sentimento e inocência havia naquelas cartas. Elas estavam recheadas de “Eu te amos”, corações, promessas de amor eterno, desilusões e traições. Quando somos crianças nem sequer imaginamos o quão complicado e imprevisível é um relacionamento amoroso. Não sei bem como definir um amor. Não sei se já amei alguém o bastante na minha vida. Eu conheço o amor que eu tenho pela minha mãe, pelas minhas irmãs, pelos meus amigos, mas nunca senti nada comparado a isso por ninguém. Talvez eu esteja esperando sentir algo como o amor descrito nos livros, o amor que vemos nas novelas, o amor traduzido nos poemas de Camões, o amor shakespeariano. Talvez isso não exista mais.

O amor platônico que prioriza a intelectualidade e o caráter dos indivíduos e não se baseie simplesmente em interesses, status, sexo está se extinguindo. E é exatamente esse amor que inebria a alma, faz o coração bater forte, os olhos brilharem e o tempo se arrastar com a saudade. É difícil encontrar um amor assim.
Voltando às cartas de infância, não é tão fácil dizer “Eu te amo” pra alguém. Três palavras, sete letras. Parece simples, mas essas três palavras definem um sentimento muito forte que pode ecoar por toda uma vida. Para algumas pessoas pode ser fácil e, mesmo não havendo sinceridade, distribuem “Eu te amos” para quem achar necessário, neste caso é que nascem as ilusões e desilusões.
É importante pensar também, que o amor não é instantâneo e quase nunca é pra sempre. O amor é um processo de conquista diário, onde você deve convencer a si mesmo e a quem você ama da infinita vontade de estar junto, de ser feliz e de compartilhar uma vida a dois. A traição surge quando uma das partes não está convencida o bastante disso.
Chego então à conclusão que ainda estou esperando por esse amor que “é fogo que arde sem se ver”. Quando ele chegar, vou aproveitar cada momento e, parafraseando Vinicius de Morais, vou tentar fazê-lo ser eterno enquanto durar.

By HERIK WALLASSE