Efêmero

Semana passada foi uma semana muito difícil, cheias de perdas de pessoas próximas a alguém que conheço. Muitas fatalidades. Essas coisas que acontecem sempre fazem a gente parar e pensar um pouco. Eu já tinha pensado muito sobre o assunto e hoje de manhã tive um surto de inspiração dentro do onibus enquanto estava indo pra faculdade e pra não esquecer as palavras que me vieram na cabeça, tratei de escrever tudo num rascunho de papel. Depois posto um scan da folha pra vocês rirem um pouquinho. Por hora leiam e comentem esse novo post.

Efêmero

A cada dia que passa, fico mais convencido que nós somos educados pela vida. Alguns fatos que acontecem a nossa volta simplesmente não podem ficar alheios à nossa opinião, à nossa reflexão. Eles fatalmente atravessam a nossa porta sem pedir licença e viram o nosso mundo e o mundo das pessoas que amamos de cabeça para baixo e, mesmo aquelas que não são muito íntimas recebem nosso sentimento e consolo.

A morte é algo inevitável. É uma verdade que nunca vamos nos acostumar, que nunca saberemos lidar, ainda mais quando ela chega precocemente, inesperadamente, ainda mais quando deixa vítimas inocentes. Ela materializa nossa dor em pequenas gotas de água salgada que vão matando, aos poucos, uma parte do nosso coração.

A morte nos desafia a atravessar uma ponte de madeira em cordas bambas com uma dimensão que só o tempo é capaz de definir. No início, a travessia é cheia de desequilíbrios e, a cada passo, o sofrimento vai diminuindo, as feridas vão cicatrizando. É muito comum pensar em desistir, se perder no abismo. Mas a lembrança de que sempre existem outras pessoas à nossa volta que precisam de nós e que também precisamos delas é que nos impulsiona a chegar ao outro lado: o lado da superação. Então, nosso coração é renovado e aquela parte supostamente falecida, se transforma em um espaço para guardamos as nossas memórias, a saudade...

Mais uma vez se torna evidente que não enxergarmos suficientemente bem a intensidade das relações humanas. Revisamos a responsabilidade de viver e passamos a valorizar mais um abraço, a nos importar mais com o diálogo, a aproveitar o sabor de um beijo singelo, a dar um sentido maior a cada palavra dita e ouvida, a compreender melhor a efemeridade da vida.

By HERIK WALLASSE